A história do agronegócio explica.
Nos anos 60 e 70 houve um boom na agricultura graças a Revolução Verde. Norman Ernest Borlaug, agrônomo americano, foi quem impulsionou o novo modo de cultivar alimentos. Suas ideias ficaram conhecidas ao redor do mundo sendo inteiramente acolhidas nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Norman acreditava que somente uma agricultura baseada em tecnologia, insumos e sementes selecionadas conseguiria produzir o bastante para acabar com a fome no planeta.
Dentro desse contexto, em 1976, o Presidente Ernesto Geisel assinou uma lei que estabelecia quais setores econômicos seriam prioridade na aquisição de créditos vindos do governo brasileiro. Veja um trecho da lei:
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, inciso II, da Constituição,
DECRETA:
(…)
Art. 4º Consideram-se prioritários os projetos relativos aos setores de atividade econômica abaixo discriminados, além daqueles que visem ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas, comerciais e industriais:
- a) produção de máquinas e equipamentos e seus componentes;
- b) indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas, rodoviários e para exploração de recursos florestais;
- c) produção de componente para a indústria elétrica, eletrônica e mecânica;
- d) produção de material ferroviário;
- e) produção de veículos automotores destinados a transporte coletivo;
- f) construção naval e aeronáutica;
- g) siderurgia e metalurgia primária de não-ferrosos;
- h) produção de cimento e materiais refratários;
- i) produção de celulose e papel;
- j) produção de fertilizantes e defensivos agrícolas e de suas matérias-primas;
- l) produção de insumos químicos e farmacêuticos básicos;
- m) indústria petroquímica;
- n) indústria de mineração;
- o) industrialização de produtos alimentícios;
- p) indústrias ou atividades ligadas à segurança nacional, definidas pelo Conselho de Segurança Nacional.”
Os anos se passaram e o Brasil realmente alcançou destaque no mercado do agronegócio, o que ajudou a alavancar sua situação econômica. Porém, a fome não acabou e vemos atualmente um uso abusivo de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas. Com essa rápida passagem pela história do agronegócio, dá para entender o porquê hoje, além de sermos uma das potências agrícolas, também somos os campeões no uso de agrotóxicos.
A transição de uma terra “tóxica” (que utiliza sementes e agrotóxicos vindas de grandes corporações como Bayer e Monsanto) para uma plantação orgânica é extremamente difícil. Um sistema inteiro foi construído ao longo dos anos para que produtores se tornassem completamente dependentes da engenharia agrícola. E eis que a tal revolução verde parece rondar novamente o agronegócio, agora focado no ano de 2050. A previsão é de que até 2050 o planeta seja povoado por 9 bilhões de habitantes. O Brasil seria o grande responsável pela nova revolução verde que deverá produzir quantidades absurdas de alimentos para abastecer a população mundial, mantendo 60% de nossas florestas vivas.
Parece impossível conciliar uma expansão tão grande com preservação de florestas. O ambiente, os trabalhadores e nossa saúde estão completamente reféns do agronegócio.
A única saída? Agricultura orgânica.
Alimentação orgânica é mais do que uma alternativa para nos manter saudáveis, é um posicionamento político. Se você pode comprar orgânicos e acredita que isso é o melhor para o nosso planeta, simplesmente compre.
Referências
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del1452.htm
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/10571/1/2012_JandiraMariaMendesVasconcelos.pdf