Publicado em: 14 de novembro de 20213.1 min. de leitura

A história do agronegócio explica.

Nos anos 60 e 70 houve um boom na agricultura graças a Revolução Verde. Norman Ernest Borlaug, agrônomo americano, foi quem impulsionou o novo modo de cultivar alimentos. Suas ideias ficaram conhecidas ao redor do mundo sendo inteiramente acolhidas nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Norman acreditava que somente uma agricultura baseada em tecnologia, insumos e sementes selecionadas conseguiria produzir o bastante para acabar com a fome no planeta.

Dentro desse contexto, em 1976, o Presidente Ernesto Geisel assinou uma lei que estabelecia quais setores econômicos seriam prioridade na aquisição de créditos vindos do governo brasileiro. Veja um trecho da lei:

“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, inciso II, da Constituição,

DECRETA:

(…)

Art. 4º Consideram-se prioritários os projetos relativos aos setores de atividade econômica abaixo discriminados, além daqueles que visem ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas, comerciais e industriais:

  1. a) produção de máquinas e equipamentos e seus componentes;
  2. b) indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas, rodoviários e para exploração de recursos florestais;
  3. c) produção de componente para a indústria elétrica, eletrônica e mecânica;
  4. d) produção de material ferroviário;
  5. e) produção de veículos automotores destinados a transporte coletivo;
  6. f) construção naval e aeronáutica;
  7. g) siderurgia e metalurgia primária de não-ferrosos;
  8. h) produção de cimento e materiais refratários;
  9. i) produção de celulose e papel;
  10. j) produção de fertilizantes e defensivos agrícolas e de suas matérias-primas;
  11. l) produção de insumos químicos e farmacêuticos básicos;
  12. m) indústria petroquímica;
  13. n) indústria de mineração;
  14. o) industrialização de produtos alimentícios;
  15. p) indústrias ou atividades ligadas à segurança nacional, definidas pelo Conselho de Segurança Nacional.”

Os anos se passaram e o Brasil realmente alcançou destaque no mercado do agronegócio, o que ajudou a alavancar sua situação econômica. Porém, a fome não acabou e vemos atualmente um uso abusivo de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas. Com essa rápida passagem pela história do agronegócio, dá para entender o porquê hoje, além de sermos uma das potências agrícolas, também somos os campeões no uso de agrotóxicos. 

A transição de uma terra “tóxica” (que utiliza sementes e agrotóxicos vindas de grandes corporações como Bayer e Monsanto) para uma plantação orgânica é extremamente difícil. Um sistema inteiro foi construído ao longo dos anos para que produtores se tornassem completamente dependentes da engenharia agrícola. E eis que a tal revolução verde parece rondar novamente o agronegócio, agora focado no ano de 2050. A previsão é de que até 2050 o planeta seja povoado por 9 bilhões de habitantes. O Brasil seria o grande responsável pela nova revolução verde que deverá produzir quantidades absurdas de alimentos para abastecer a população mundial, mantendo 60% de nossas florestas vivas. 

Parece impossível conciliar uma expansão tão grande com preservação de florestas. O ambiente, os trabalhadores e nossa saúde estão completamente reféns do agronegócio.

A única saída? Agricultura orgânica.

Alimentação orgânica é mais do que uma alternativa para nos manter saudáveis, é um posicionamento político. Se você pode comprar orgânicos e acredita que isso é o melhor para o nosso planeta, simplesmente compre.

Referências

www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del1452.htm

http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/10571/1/2012_JandiraMariaMendesVasconcelos.pdf

www.revolucaoverde.org/

 

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