Stress, vida corrida, muitas atividades no dia. Na hora de cozinhar dá preguiça, né? Comida pronta é tão saborosa, com aqueles aditivos criados perfeitamente em laboratório por uma equipe de experts em papilas gustativas. Como não amar a bolacha crocante recheada de chocolate? Quase impossível resistir ao rostinho feliz estampado no biscoito que tem nome de criança travessa. O mundo dos industrializados é fascinante. Tem tantas cores, felicidade e prazer dissolvido em aromatizantes, corantes, realçadores de sabor e conservantes que deixam o produtinho com cara de fresco, mesmo depois de 1 ano na despensa. Basta abrir uma embalagem para ter seus problemas de vida resolvidos em 5/10 minutos, ou até menos, o tempo do pacote terminar.
Dizer não a esse mundo incrível é muito difícil. Vamos falar a verdade: os caras da engenharia de alimentos mandam muito bem. Eles sabem exatamente como nos deixar loucos por sabor. Só que há um enorme prejuízo em fazer escolhas erradas e deliciosas. O prejuízo de comprar pacotinhos vai além do valor em dinheiro e chega até a nossa saúde, conta essa que podemos pagar pelo resto da vida. E é o que mostra a pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde (em parceria com o IBGE) durante os meses de agosto de 2013 e fevereiro de 2014, feita com 63 mil pessoas em todo o país. Constatou-se que 57% da população brasileira adulta está com excesso de peso e 21,3% são obesas. Além disso, 72% das mortes no Brasil são ocasionadas por doenças não transmissíveis, como o câncer e a diabetes. Será que estamos morrendo por doenças que poderiam ter sido evitadas?
Alimentos ultraprocessados
Segundo o Guia Alimentar para a população brasileira, alimentos ultraprocessados são formulações industriais, aqueles com nenhum ou pouco alimento inteiro. A famosa comida pronta, cheia de aditivos. E são esses “alimentos” os maiores venenos da nossa saúde. São recheados de açúcar, sal e gorduras de péssima qualidade. A Pesquisa de Orçamentos Familiar realizada pelo IBGE em 2008/2009, com uma amostra de 34.003 indivíduos, mostrou que o brasileiro consome em média por dia 1.866 kcal, sendo 69,5% provenientes de alimentos in natura ou minimamente processados, 9,0% de alimentos processados e 21,5% de alimentos ultraprocessados. Isso é preocupante, pois indica que em 21,5% da alimentação diária, o brasileiro consome produtos com baixíssimos nutrientes, que não trazem benefícios à saúde. Lembrando que estamos falando de uma pesquisa realizada em 2008/2009.
Poderíamos ir mais fundo e analisar quais são as escolhas alimentares dentro da categoria “in natura”. Bem provável que encontraríamos uma enorme quantidade de carboidratos. Afinal, deixar de comprar alimentos ultraprocessados e se entupir de arroz branco, batatas e mandioca, que viram glicose dentro do organismo, não adianta lá muita coisa. Mas enfim, essa é uma outra discussão para um novo post.
As escolhas de hojé é o que vão determinar nosso futuro e, muitas vezes, o da nossa família também. O hortifruti ainda é o lugar mais barato do supermercado. Por que não pular a seção de pacotinhos e ir direto às comidas de verdade?
Referências:
www.brasil.gov.br/saude/2014/12/levantamento-analisa-habitos-alimentares-dos-brasileiros
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102015000100238&lng=en&nrm=iso&tlng=pt