Publicado em: 14 de novembro de 20212.8 min. de leitura

O Veneno está na mesa, documentário dirigido por Silvio Tendler, expõe o problema do uso dos agrotóxicos. Há dois filmes com o mesmo nome (parte 1 e 2). Um lançado em 2011 e outro em 2014. É preciso ter estômago para assistir os dois até o final. Chorei em alguns momentos com os relatos de trabalhadores rurais intoxicados ao entrarem em contato com os venenos jogados na lavoura. Há casos de cegueira, de prejuízo ao sistema nervoso e até de morte. O roteiro é dividido em depoimentos de agentes da Anvisa, pesquisadores, vítimas e dados alarmantes sobre os efeitos do agronegócio. Se eu fosse você, pela sua saúde e da sua família, investiria duas horas do dia assistindo aos documentários. Eu já havia me deparado com o Veneno está na mesa número 1 alguns anos atrás. Fiquei bem reflexiva no momento em que fui bombardeada com a realidade. Como se o próprio avião que irriga a plantação com agrotóxicos estivesse passando por cima da minha cabeça. Porém, o tempo passa e a gente vai esquecendo as coisas. Dá menos importância e coloca a culpa na correria da rotina. E, agora, na intenção de escrever sobre o documentário, fui assisti-lo de novo.

Para a minha surpresa, havia a parte 2. Angústia é o sentimento que define as minhas duas horas vendo esses dois documentários. Eu fiquei ainda mais abalada, pois ultimamente me desliguei um pouco da causa orgânica. Lá fui eu comprar os legumes e verduras cheios de veneno. Porque sim, eu entendo, eles são mais baratos. Em São Paulo, existem algumas alternativas para se conseguir um bom preço, como a feira da Água Branca e o Instituto Chão. Porém, eu moro em Barueri e até eu chegar nesses dois lugares, não compensa o gasto. Em minha última compra, resolvi investir um pouquinho a mais em uma couve e alface orgânicas. Eu me senti tão bem fazendo isso!

Se hoje você não pode comprar orgânicos, tenha pelo menos a consciência do que está chegando ao seu prato. Existem relatos no filme sobre uma pesquisa feita com amostras de leite materno. Constatou-se que o agrotóxico é transferido ao leite. Ou seja, além da mãe, o bebê também está contaminado. Por mais que a mãe tenha uma alimentação rica em verduras, legumes e frutas, é impossível proporcionar 100% de segurança alimentar ao filho. Chocante, não?

Orgânico não é frescura, não é mimimi. É postura política. Volto a repetir: se você não pode comprar orgânicos hoje, pelo menos tenha a consciência do que está acontecendo com o nosso país e, quando tiver oportunidade de consumir orgânicos, vá em frente. Saiba: o agronegócio cresce a cada dia e devasta as nossas terras, polui rios, intoxica o povo, mata os animais e tira a nossa liberdade de escolha.

O que você pode fazer a respeito? Incentivar quem já está fazendo a mudança. Dissemine a causa, vote em políticos que estão conectados à causa orgânica e consuma (nem que seja um alface) de produtores orgânicos. Qualquer uma dessas atitudes, já é um movimento ?
https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg

 

 

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