1 milhão de mortes.
500 mil mortes.
Não importa, quando não bate à minha porta.
É só mais um, menos um.
Números, estatísticas e gráficos.
Eu não sou número, eles são.
Alguém tem que morrer.
Mais um caixão, mais um buraco no chão.
Desde que não seja eu.
A morte está longe.
Só atinge o outro.
Só ele morre sem ar.
Eu não.
Só ele morre sem respirar.
Eu não.
A vida só importa se for a minha.
Quiçá da minha família.
100 mil, 500 mil, 1 milhão.
Apenas números de corpos
Apenas corpos.
Alguém vai ter que morrer.
Fazer o quê.
Números invisíveis.
Crescem como vírus.
Aparecem nos cálculos dos infectologistas.
Dos gestores de saúde.
Dessa gente histérica.
Não sou fruto de uma soma aos mortos
Ou de uma subtração da sociedade.
Os números são os outros.
“Infelizmente algumas mortes terão, paciência.”