Ansiedade nem sempre dá as caras. Ela olha de rabo de olho. Fica à espreita. Só esperando seu lado frágil sair da toca. Quando ele sai, ela vem com tudo. Com um soco no peito. Agonia, respiração ofegante, desespero. No escuro não dá para ver a saída. Tudo se fecha. Apaga-se a luz. A única coisa que existe é uma multidão enfurecida gritando bem ali dentro da gente. Dentro da mente.
Ansiedade não tem hora, nem lugar. É uma frase mal absorvida, mal aceita, mal sintonizada. Uma palavra solta, que desperta um temor vivido anos atrás. Ela vem com tudo no susto. Chega no café da manhã antes do trabalho, no caminho, na hora de sair com os amigos. Correr ou parar.
A batida do coração se sobressai. Ele grita, sinaliza, alerta. Falta ar. Falta tudo. Não adianta racionalizar. Ansiedade é burra e preguiçosa. Um túnel que só cabe o seu corpo. Sem conforto, sem saída. Ansiedade um dia passageira. No outro, presença constante e marcante. Quando ela resolve ficar, faz a vida parar.
Fuga repentina. Ninguém entende. Ninguém ouve além da sua voz. Pode tentar meditar, acionar o diafragma, contar até três. Na hora que ela toma o corpo, nada tem vez. Sufoca. Asfixia. De dia, de noite, nas férias ou não. Ansiedade generalizada tira o sono e o rumo. Desgasta o corpo e mente. Suga a energia.
Ansiedade nem sempre dá as caras. Mas quando vem, faz da gente refém.