Formalização do sentimento. Se é que sentimento tem forma concreta. Um papel, uma caneta, uma assinatura. O mais importante é a burocracia. Casamento, nascimento, diploma. Rituais.
O homem se faz de sentimentos, não de papel. Se nada existisse? Se os cartórios fechassem? Se a papelada fosse queimada? O sentimento não diria adeus.
Deixemos a formalidade de lado. O registro não registra. O sentimento não precisa de prova palpável. Sentimento é abstrato, mistura, cheiro, gosto, sem forma definida. Sentimento não precisa de assinatura. Ele vive porque vive. É lindo só por ser.
O ritual não pode ser mais importante que o objeto em si. Partimos para o aperto de mão e tapinha nas costas. Acordos. Como se amor fosse acordo. Ele simplesmente surge. Aparece sem papel. Sem assinatura. Vive sem razão de existir. Sem carimbo de felicidade.
Quão formais somos.
Já não sabemos dizer eu te amo sem uma firma reconhecida.